18 maio 2009

r.a.i.n



Lembro de estar correndo, num beco escuro, parecia de noite mas não sei. E chovia, sim chovia muito. Lembro de continuar correndo, e lembro das palavras que eu continuava repetindo: “respira, só respira”.
E continuei correndo, molhada pela chuva que não parava, e corria, e corria. “Respira, só respira”.
Então, perto da primeira esquina que via em horas de estar correndo em linha reta, eu vi um enorme guarda-chuva. Por um instante parei de correr, e a chuva continuou molhando meu rosto, mas desta vez não me importei. “Respira”.
De repente, eu estava na sua frente, não lembro como cheguei até ali, não lembro da chuva, nem de respirar. Mas lembro sim do seu rosto e da sua expressão ao me ver.
Eu ainda estava muito molhada, e você, apesar do enorme guarda-chuva, também estava.
Não lembro de dizer nada, ou talvez disse, mas nada importante. E você sorriu, e eu sorri.
Ainda estava escuro, e ainda chovia, mas acho que isso não importava mais. Lembro de ficar ali parada, sem me mover muito. Não lembro de sentir frio, mas lembro do vento e da chuva.
Então, ali, naquela esquina escura, naquela chuva, eu te abracei. E você me abraçou. Não lembro de chorar, mas lembro do sorriso. Não lembro sequer de respirar.
Então eu te abraçava. E abraçava forte. E foi ai e assim que meu sonho acabou.

10 maio 2009

platonic



Não sei dizer “oi”, e você me encanta. Finjo que não, mas quando você não está olhando meus olhos encaram você como se quisessem gravar cada centímetro do seu rosto, do seu corpo.
E ouço você, mesmo quando você não está falando. Imagino palavras saindo da sua boca e sendo dirigidas a mim, palavras como “quero” e “você”. Mas você nem sabe que eu estou aqui.
Gosto da sua maneira de andar e das roupas que usa. E gosto do seu sorriso, mesmo quando não é para mim que sorri. E você não tem nem idéia do que eu penso.
Saio às vezes à rua e imagino que é para o nosso encontro, imagino o que posso dizer e o que você dirá. Planejo cada palavra que direi, toques metodicamente planejados na hora certa sem parecer de propósito. Planejo o beijo, o abraço. Mas você nem imagina quem eu sou.
Você me encanta de uma maneira louca, ridícula, infantil. E é assim que eu sou. Louca, ridícula, infantil. Fica comigo?


P.S: Hello?! I´m right here!

08 maio 2009

Para Lula



Dizem que os melhores morrem cedo demais. E eu estou começando a acreditar.
Mais do que um amigo, ele sempre foi família.

E se em algum lugar você estiver ouvindo, Lula, espero que estejas rodeado de poesias, músicas, tambores, samba e um bom vinho. Porque com certeza, rodeado de amor sempre estarás.
Descansa em paz.


03 maio 2009

unsent letter


Oi! Como você está? E... está isto te matando como me mata agora? Dói em você como dói em mim?
O silêncio ensurdece seus ouvidos? A raiva toma conta de você agora? A saudade já bateu dizendo que talvez seja tarde demais? Que os anos podem passar, mas que tudo ficou?
Já deu aquela vontade de ligar? De pedir desculpas sem saber qual é a culpa?
Já sonhou aquele sonho de reencontro e acordou chorando? Já desejou que fosse diferente?
Aconteceu com você aquilo que acontece quando se quer voltar no tempo e se percebe que não consegue? Qual é o nome mesmo? Tristeza?
Já pensou em dar o primeiro passo, querendo que fosse o segundo? Terceiro?
Já ficou nostálgica ao ver uma fotografia? Ou ler alguma carta? Já pensou que a razão agora é de ninguém? Que ninguém mais está certo?
Bateu aquela vontade de passar sem ligar, e dizer que simplesmente estava passando?
Ouviu aquela música e chorou? E lembrou? E quis de novo?
Conheceu gente nova, querendo estar com os velhos amigos? Recebeu um telefonema e desejou que fosse outra pessoa?
Olhou para o céu mais estrelado que já viu e pediu às estrelas para que tudo estivesse bem?
Já quis sumir? E quando voltar tudo estiver diferente, melhor? Já quis não sentir mais dor?
Fez alguma coisa boa e nova e quis dividir isso com alguém, mas se calou imediatamente? Ou alguma coisa grave e ruim, e não pediu ajuda ou um ombro amigo por pura falta de coragem?
O que você faz com essa vontade louca de ligar? De dividir? De compartilhar? De chorar?
Que desculpa se usa quando se quer ouvir uma voz conhecida? Que resposta se dá a cada pergunta? O que se diz novamente quando o tempo já passou?
Enfim, como você está?


P.S: Para ser lido ao som de Make This Go On Forever. Sem saber o porquê.