20 junho 2009

teu dia


O meu problema sempre foi o começo, não sei começar, nem a escrever nem a viver. Mas o acabo fazendo, assim como escrevo agora começando esta carta a ti, que nem sei se a lerás. Estou aqui escrevendo para ti hoje, e especialmente hoje porque outros dias já escrevi demais, mas hoje o dia é teu. E eu só queria te dizer da falta que fazes aqui, do meu lado, e na minha pele, e no meu abraço, e no meu beijo, e em mim.


Hoje queria ser o teu abraço. Hoje queria beijar cada pedaço do teu corpo, da tua pele macia. Hoje queria deitar do teu lado e deixar os meus dedos se perderem nos teus cabelos. Hoje queria sentir a tua respiração no meu pescoço. Hoje queria tua cabeça apoiada no meu peito nu. Hoje queria ouvir seu coração bater, assim baixinho como ele bate. Hoje queria segurar a tua mão e não soltar mais. Hoje queria meus olhos encharcados de lágrimas ao falar com tanto orgulho o teu nome. Hoje queria me perder no teu sorriso. Hoje queria tocar o teu rosto, teus braços, tuas pernas, tuas costas, e sentir cada centímetro do arrepio se formando ai, em cada toque. Hoje queria te dar a lua que vi ontem lá do alto do morro, porque sei como amas o seu brilho. Hoje queria correr até a tua casa, bater na tua porta, deixar um girassol lá e me esconder, só para ver o teu rosto ao ver a flor, e depois dizer que o meu girassol sente a tua falta, assim como eu. Hoje queria tropeçar do teu lado e cair de maneira engraçada, porque sei o quanto isso te faz rir. Hoje queria ouvir o teu riso. Hoje queria levar você pra bem longe, num lugar onde só tu e eu fiquemos, vendo o mar, vendo o pôr-do-sol, vendo as estrelas nascer. Hoje queria te fazer um jantar romântico, à luz de velas, comida vegetariana, que tal? Hoje queria sentir o teu perfume. Hoje queria ouvir a tua voz cantando e tuas mãos tocando o violão. Hoje queria te dizer o quanto eu te amo, o quanto eu sinto a tua falta, o quanto dói tudo em mim quando percebo que não estás aqui do meu lado como tanto queria. Hoje queria que soubesses do nó que se forma na minha garganta e de como o coração está apertadinho, apertadinho aqui dentro de mim. Hoje queria te dizer que desejo pra ti toda a felicidade que possa existir no mundo, no universo. Hoje queria te dizer que você me fez mais feliz do que eu poderia imaginar ser. Hoje queria te contar do orgulho que sinto de ti. Hoje queria te abraçar, te beijar, e te desejar o melhor dos aniversários. Hoje queria estar ao teu lado e comemorar mais um ano da tua vida iluminada. Hoje queria te agradecer por ter entrado na minha vida e ter me proporcionado os melhores anos dela. Hoje queria te dizer que te amo mais do que você poderia imaginar. Que te amo com todas as forças do universo. Que te amo em cada poro do meu corpo. Que te amo em todos os lugares do mundo. Que te amo para sempre, mesmo não acreditando no para sempre. Que te amo e que te amei e que te amarei.


P.S: Para ler ao som de You Could Be Happy, música que não sai da minha cabeça quando penso em ti.


14 junho 2009

Levemente



Um bom vinho. O vento de junho entrando pela janela aberta da sala do apartamento perto do mar. Era meia noite? Ou um pouco antes, ou um pouco depois. A música. As vozes cantando juntas, entoando melodias que eram conhecidas ou não. As guitarras, o baixo, e o violoncelo. Ah! O violoncelo...
Sorrisos, risos, carinhos. Mais vinho, quem quer? O maço do cigarro quase acabando, quem vai comprar mais? Me empresta o seu isqueiro? O cheiro da maconha se misturando com o cheiro do incenso se misturando com o cheiro do vinho se misturando com o cheiro dos perfumes se misturando com o cheiro da cerveja se misturando com o cheiro da maresia se misturando com o cheiro da quase chuva se misturando com o cheiro da comida se misturando com a música que tocavam e cantavam harmoniosamente naquela noite de junho.
Mais vinho, mais cigarro. Me empresta de novo o seu isqueiro? Sua mão tocou na minha, foi de propósito? E você sorriu, e desta vez foi para mim. E o vento gelado continuava entrando pela janela aberta da sala do apartamento perto do mar. E a música continuava sendo tocada, cantada. E os cheiros ainda se misturavam. E a noite ainda estava começando. E tudo isso envolve, sabe? Tudo isso envolve mais do que você pode imaginar. E eu sei. Naquela noite de junho, acompanha de um bom vinho, de gargalhadas e sorrisos meio tímidos, e melodias de violoncelo, e cheiros, e cigarros, e pessoas, eu fui feliz.


P.S: Pic by Jô Corrêa.

09 junho 2009

first breath after coma


Abre os olhos. Olha. Enxerga o teu redor.
Inspira. Segura. Expira.
Os pés descalços na grama molhada. A grama, molhada.
Inspira. Segura. Expira.
Agora fecha os olhos. Sente. Só sente.
Inspira. Segura. Expira.
As mãos geladas dentro dos bolsos também gelados.
Inspira. Segura. Expira.
A chuva batendo no rosto. O vento batendo no rosto.
Inspira. Segura. Expira.
Silêncio, há tanto silêncio no barulho.
Inspira. Segura. Expira.
E sorri.
Levemente.
Simplesmente.
Sinceramente.
Sorri.


P.S: Para ler (e suspirar) ao som de First Breath After Coma.


01 junho 2009

Vem



Vem.
Vem e fica comigo mais uma vez.

Só mais uma vez.

Quem sabe talvez desta última vez eu consiga perceber que acabou.
Ou não, quem sabe?



P.S: so if you love me, why did you let me go?