21 julho 2011

sem dormir




Sei que agora tu não estás dormindo. Provavelmente contas as estrelas como o fazes quando estás com insônia. Mas desta vez não é somente a insônia que não te deixa dormir, é a lembrança, a saudade do que poderíamos ter vivido se tu não tivesses fugido da primeira vez. E da segunda, terceira, até que cansamos de tentar, não é?
Sei que agora tu não estás dormindo. Provavelmente há outro alguém dividindo a cama contigo. Outro alguém que tu fodes todas as noites pensando em mim. Outro alguém que te diz que te ama e assim repetes as mesmas palavras como se fosses um robô programado a amar qualquer um que te dê carinho nas noites frias e escuras como a de agora, quando sei que tu não estás dormindo.
Sei que agora tu não estás dormindo. E pensas em ligar para mim só para dizer que sabes que dia é hoje e que estavas com saudade da minha voz e que estavas te perguntando se eu estou bem, pois não nos falamos há tanto tempo e comentarias da noite fria de hoje e de como o céu hoje está particularmente estrelado e essas outras baboseiras que se dizem quando não se consegue dizer o que realmente se quer dizer, coisas como volta para mim e esquenta o lado direito da minha cama e conta as estrelas comigo e assim podemos adormecer como antes e segura a minha mão e me abraça forte e me diz que me amas e todas essas baboseiras que se dizem quando se está assim nesse estado que sei que estás agora, já que sei que agora tu não estás dormindo.
E eu, eu como sei que agora tu não estás dormindo, poderia pegar o telefone e ligar para ti e dizer todas essas baboseiras como que noite fria e hoje o céu está particularmente estrelado e acho que não choverá amanhã, essas baboseiras que se dizem quando não se consegue dizer o que realmente se quer dizer, como dizer que sei que agora tu não estás dormindo, pois estás pensando nas mesmas coisas que eu penso agora, já que agora eu não estou dormindo.



p.s: you come to me like stars burning holes through the dark