19 fevereiro 2009

Odd

Acordou com aquela sensação de que aquele dia que estava começando seria diferente. Nem bom, nem ruim. Simplesmente diferente.
Ainda com aquela sensação, levantou-se da cama e foi direto ao banheiro. Nem se olhou no espelho para que não voltasse aquela outra sensação do dia anterior. Aquela sensação de estar parado, de estar tudo igual, de nada ser diferente.
O banho foi rápido, como todos os dias, mas diferente. E a roupa que usou foi a mesma de sempre, mas diferente. A sensação de ser diferente ainda estava instalada naquele corpo magro e fraco igual de todos os dias.
A música que estava cantando era a mesma de ontem, mas num tom diferente. Nada poderia lembrar àquela sensação de ontem. Hoje, tudo seria diferente.
O mesmo ônibus, com o mesmo motorista, o mesmo “bom dia” de todas as mesmas manhãs. Mas seria diferente. O mesmo trajeto, o mesmo horário, os mesmos barulhos da rua. Mas seria diferente.
Aquela sensação nova de que tudo seria diferente estava consumindo todos aqueles pensamentos iguais ao de ontem, transformando-os em pensamentos novos, de hoje, diferentes. Todos os novos pensamentos diferentes estavam tornando aquele ser diferente. As poucas ações feitas naquele dia seriam diferentes. O andar seria diferente. A voz seria diferente. O sorriso – se hoje ele ousasse aparecer – seria diferente.
Aquele ser então, ainda com a sensação de que tudo seria diferente, sentou-se na mesma mesa de sempre e começou a escrever, as mesmas palavras de sempre, só que agora, diferente.
“Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.”
Desta vez, tudo aquilo que era igual a sempre, ficou completamente diferente.
E assim ficou, tudo igual, com a sensação de diferente.

....


É, eu não faço mais sentido sem você.

16 fevereiro 2009

R$1,99

Será que eu continuo valendo R$1,99 para você?

...

13 fevereiro 2009

Invejo...

Invejo todas as bocas que te beijaram. Invejo todas as mãos que te acariciaram, todos os abraços que te desejaram. Invejo essa arte de sedução que os outros têm em você, e que eu canso de tentar aprender. Invejo os olhos que te olharam, e todos aqueles que tiveram o prazer do seu sorriso. Invejo os corpos que se deitaram com você, que fizeram amor com você, as cabeças que no seu peito nu repousaram. Invejo sim, os cabelos que passaram suavemente entre seus dedos delicados, e as bochechas que você beijou. Invejo os outros corações que por você batem forte, ou outros estômagos que se enchem de borboletas quando você passa por ai. Invejo todos os ''outro alguém'' que você escolheu além de mim. E, ah! sim, como eu invejo todas essas outras saudades, que como eu agora, sentiram falta de você.