25 agosto 2010

dreamer


Estou dirigindo no escuro, à noite, e chove. Meu estômago está cheio de pequenas borboletas coloridas querendo sair pela boca cada vez que tento pronunciar o teu nome. E eu tento. E eu tento.
Sorrio ao lembrar do teu sorriso, e fecho os olhos para não esquecer de cada centímetro da tua boca e como aparecem as covinhas na tua bochecha. Ainda estou dirigindo, mas não vejo a rua, a estrada. És tu quem eu vejo. E os teus olhos que sorriem quando sorris. E as covinhas.
De repente estou parada numa sala grande, tão vazia de gente e de objetos. O teto é alto demais mas através dele consigo ver as estrelas. E chove mas não há nuvens. E a lua... Ah! A lua. E sorrio. Sei que estás ai. Então sorrio.
E antes de perceber estou te abraçando. Teu corpo no meu. E estamos dançando ao som de alguma música que não reconheço mas é linda, é linda. Diz algo assim como “...and my heart is beating next to yours and my hands are holding yours and you and I are one you and I just you and I…”. E estamos dançando enquanto os teus lábios encontram os meus no meio da chuva, das estrelas, da lua.
Por um minuto sinto todas as borboletas coloridas fugindo desesperadamente pela minha boca e quando percebo, elas estão dançando junto a nós e tu sorris, e eu sorrio e não estamos mais na sala grande tão vazia de gente e de objetos, estamos num parque. Há árvores e flores e nossos pés descalços sentindo a grama molhada pela chuva que não cai mais. E nesse momento estamos deitadas na grama. A tua mão encosta na minha mão e sinto mais borboletas coloridas no estômago querendo fugir. De onde saem tantas borboletas?! E te beijo. E te beijo. E me olhas e sorris com os olhos e as covinhas. E eu sorrio e tento fotografar com a minha mente esse momento. Este momento. Maravilhoso assim. Perfeito assim. Não, não me acordem agora. Não quero acordar. É perfeito assim como está. Não me tirem daqui, ainda não consegui dizer o seu nome. Como era o seu sorriso? E as covinhas? E os olhos que sorriem? Cadê as borboletas coloridas? “you and I just you and I”.
Acordo sorrindo.
Até o próximo sonho.



p.s: I will wait for you tonight … I will waste another dream on you

20 agosto 2010

eu te odeio


Eu te odeio. Te odeio toda. Da ponta dos teus cabelos até a unha do pé. Odeio como olhas atrás das lentes desses óculos. Odeio teus olhos cor de amêndoa. Odeio o teu cheiro de pêssego misturado com jasmim. Odeio o teu sorriso de criança. Odeio como choras todas as vezes vendo o mesmo filme. Odeio como cantas e como tocas o violão. Odeio a tua maneira de sentar na frente do computador enquanto trabalhas. Odeio tuas mãos suaves. Odeio a curva que faz na tua cintura. Odeio como nunca penteias o teu cabelo. Odeio o teu furo no queixo e como ele parece se mostrar mais quando sorris. Odeio todos os sanduíches que fizeste para mim quando voltava do trabalho cansada. Odeio quando deitavas a cabeça no meu ombro e adormecias assim, tranqüila, delicada. Odeio quando seguravas a minha mão embaixo da mesa, e como tuas pernas entrelaçavam nas minhas ao dormir. Odeio como o teu corpo sempre encaixou perfeitamente no meu. Odeio todos os apelidos que me deste e odeio todos aqueles que me lembram a você. Odeio ouvir o teu nome, mesmo não sendo o teu. Odeio ouvir todas aquelas músicas e assistir todos aqueles filmes. Odeio sentir a brisa de uma tardezinha em Teresópolis e o teu cheiro aparecer assim, do nada. Odeio lembrar de ti. Odeio lembrar de ti. Odeio.


Eu te odeio. Sim, eu te odeio. Como quem odeia aquilo que mais o feriu. Te odeio como se odeia o frio num dia de praia. Te odeio como se odeia a luz quando se quer dormir. Te odeio como se odeiam todos os filmes de Natal. Te odeio como se odeia o horário político. Eu te odeio.

Odeio não conseguir esquecer o teu abraço às noites. Odeio querer a tua presença cada dia. Odeio não poder ligar e dizer “estou com saudades”. Odeio não saber da tua vida. Odeio que não ligues para a minha. Odeio saber que és feliz. Sim, odeio saber que és feliz sem mim. Odeio os teus projetos, os teus trabalhos, os teus amigos. Odeio a cidade onde moras, odeio a tua casa. Odeio as fotografias. As tuas. Odeio como todo mundo parece te amar. Odeio que te amem. Odeio ser lembrada a cada momento de como a nossa vida era perfeita. Odeio a cama que dividimos. Odeio o quarto que ficou vazio. Odeio o som do ventilador. Odeio as tuas roupas que ainda estão comigo. Odeio não ter forças para devolvê-las. Odeio as cartas que me enviaste. Odeio lê-las e não ter coragem de jogá-las fora. Odeio não querer jogar nada fora. Odeio não te esquecer. Odeio não te esquecer. Odeio não te esquecer.


Odeio te querer. Odeio te precisar. Odeio te amar. Odeio não te ter mais. Odeio os dias vazios. Odeio o abraço perdido. Odeio o beijo não dado.
Eu te odeio.



p.s: I need you to need me… then love until we bleed… then fall apart in parts…

07 agosto 2010

faláncia


Ok. Estou indo embora. Não precisas nem te levantar da cama. Faço a minha mala, e desapareço da tua frente, assim, como por ato de mágica, como a fumaça do cigarro que agora fumas completamente inconsciente do que acontece. Ok. É assim que queres, é assim que é.
Estou indo embora, e não há nada que possas dizer que me faça mudar de idéia. Cheguei ao meu limite, passamos dos limites de qualquer coisa, de qualquer um, e não há nada mais a ser feito. Não me queres aqui, não me quero aqui. Esse teu ar de indiferença não me afeta mais.
Estou indo embora, ouvistes? Não me peças agora, eu não fico. Ok. Finge que não ouves, finge que não te importas. Continua a fumar teus cigarros que eu vou embora. Saio pela porta e não me verás mais. Estás ouvindo? Não me verás mais.
Estou indo embora agora. Será que pela primeira vez na tua vidinha podes me ouvir? Será que pela primeira vez nessa nossa existência fajuta podes te importar? Nem que seja só um pouquinho? EU-ESTOU-INDO-EMBORA. Ouves?
Já fiz a minha mala, vês? Estou abrindo a porta. Agora a porta está aberta e eu estou indo embora. O que achas disso? E se dou um passo para fora deste apartamento não volto mais. É isso que queres? É isso que realmente queres? Estou indo embora. Te afeta?
Olha, estou indo embora, por que não vens me deter? Se vou embora agora é para sempre. Para sempre é tempo demais, sabes?
Então, estou indo embora agora.
Mas se me chamas de volta, eu volto.



p.s: don´t you let me go, let me go tonight