07 março 2009

grow old




Estamos crescendo, querido. Todos nós estamos crescendo. Há alguns anos atrás perdemos a inocência e pureza. Nos tornamos isto que agora somos. Não digo que sejamos ruins, nem bons, simplesmente somos.
Você já viu? Uns de nós já são pai, mãe, o filho dela pronto completa os 4 aninhos; ele já está acabando a pós; eles dois casados e tudo. Está indo para Madri para fazer o mestrado; aquela outra montou o seu próprio escritório de advocacia. Agora temos uma médica formada com honras entre nós; ele ganha a vida de fotografia em fotografia, indo de New York a Paris, de Amsterdam a Hong Kong. E você já viu o novo filme dele? Dizem que é ótimo, pode ser que concorra a outro prêmio. E quem diria! Ele como professor. E estou empolgadíssima com a coluna dela no jornal. Ele já está publicando seu terceiro livro. E como é uma pena que ela faleceu antes de crescer junto e ver tudo isto. Todos nós, agora, assim, crescidos. Gente grande, lembra? Tempos em que nossas saídas eram à luz do dia e chegar em casa após 22 horas significava castigo certo, e que pior castigo do que nos proibirem de sair no dia seguinte?
Aqueles dias em que ter 50 reais nos tornava ricos, e gastávamos tudo em Coca-Cola e Doritos. Aqueles eram os dias, meu amigo. Aqueles eram os nossos dias de shows na praia, pic-nics na Lagoa, festas na casa do Rafael quando a mãe viajava, namoros que durariam uma vida inteira se não tivéssemos crescido. Matar aula para ficar conversando em algum canto qualquer longe de tudo e todos. Só nós. E as aventuras e programas de índio que seriam sempre tediosos se não estivéssemos todos juntos. As músicas dedicadas e as cartas que enviamos.
Conviver, estar junto bastava. Nada faltava se nos tivéssemos uns aos outros.
Dizem que éramos felizes e não sabíamos. Eu não concordo. Nós sabíamos. Sempre soubemos.


P.S: Foto meramente ilustrativa. Texto também. Ou não.


Nenhum comentário: