Ela dorme. Deitada aqui ao meu lado posso escutar sua
respiração suave, devagar. Inspira. Expira. Se me mexo posso estragar toda essa
paz. Respiro suave para não acordá-la. Ela se aconchega nua cada vez mais sobre
meu corpo também nu. Há tanta tranqüilidade e inquietude neste momento. Não
quero deixá-la. Não quero ir embora. Não quero me arrepender. Se ela acordar agora tudo será mais
complicado, ela não pode saber. Como tudo foi ficar assim, tão difícil e
intenso? Olho para ela com ternura, porém a odeio. Odeio como me deixa tão
confusa. Eu tenho que ir embora. Será que posso? Que consigo? Ela dorme e no
sonho me abraça cada vez mais. Será que ela sabe que há outra vida lá fora? Que
há outro alguém? Será que poderá me perdoar? Me perdoa, minha linda, mas tenho
que partir. A doçura da noite fica impregnada no meu corpo. Será que tenho o
perfume dela em mim? Preciso ir embora e nunca mais voltar. Desta vez é sério.
Não volto, não posso. “Me perdoa, mas conheci outro alguém que agora tem meu
coração.” O que posso dizer? Me perdoa, sou viciada na pele, no cheiro, no
toque, no perfume dela. Não consigo evitar. Não consigo dizer não. Ela me olha,
eu derreto. Sua respiração no meu pescoço me convida a ficar aqui, assim, para
sempre. Não posso, não devo. Há outros braços que esperam o abraço. Não acorda,
minha linda, que não quero me despedir. Não acorda, fica assim, sonhando com o
impossível. Eu vou e não volto. Adeus, meu coração.
p.s: There's
so much I need to say to you, so many reasons why
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