05 julho 2010

empty bed



A cama vazia. O travesseiro ainda quente e com a forma de uma cabeça que passou a noite ali descansando. As cobertas todas enroladas no final da cama. Cheiros misturados, de cigarro, de vinho, de calor, de perfumes, de sexo. Um pouco de luz do dia amanhecendo entrando pelas cortinas velhas. Aqueles pontinhos de poeira de luz que ela sempre tentava pegar com as mãos. As mãos delicadas, suaves. E depois sorria e dizia que há certas coisas no mundo que não se podem prender. Ela era uma delas.
A cama vazia e só resta a lembrança de uma noite perfeita acompanhada da pessoa perfeita. Noite de chuva de estrelas, lua enorme no céu. Noite de conversas sobre tudo e sobre nada. Noite de beijos, de toques, de carícias. Noite de meios sorrisos e gargalhadas. Noites de abraços quentes, de pernas entrelaçadas. Das melhores noites que poderiam existir. A música tocando baixinho nos fones do ipod velho, às vezes sendo cantarolada por ela. Seguindo de risos e de comentários irônicos de “como eu canto bem!”. E sim, ela canta bem. E o cheiro do perfume que só na pele dela cheira assim. Meio pêssego, meio jasmim. Completamente e unicamente dela. Os pelinhos arrepiados na nuca quando suavemente passava meus lábios nela. A covinha que aparecia somente de um lado quando devagar sorria. Os cabelos castanhos e bagunçados que ela nunca gostou de pentear e que ficavam sempre bem assim nela. As palavras doces pronunciadas pela boca quando não beijava. E quando beijava o doce frio na barriga de quero-mais que se formava aos poucos na minha. Sussurros nos ouvidos, devagar, suave, baixinho, como se ninguém mais pudesse ouvir. E não havia mais ninguém ali, a não ser ela e eu. E a cama, que agora está vazia.
A porta abriu e fechou, antes mesmo de eu acordar. Não a vi indo embora, não a vi sorrindo nem recusando ao meu pedido/suplício de “fica-mais-um-pouco-por-favor”. Não a vi colocando a roupa que na noite anterior estava toda jogada pelo quarto escuro. Não a vi colocando os óculos de sol porque estava claro demais lá fora. Não a vi se despedindo de mim e nem a ouvi dizer que “a noite foi ótima, vamos marcar um drink para amanha?”. Não ouvi sair da boca dela as palavras que constantemente saem da minha quando estou com ela. Não a vi indo embora para não voltar mais.
Ainda há estampado um sorriso no meu rosto. Mas a cama sente falta do seu calor. E eu também.




p.s: i swear this will never be ok. it´s like we came from the same place.



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