13 agosto 2014

entende



Ninguém entende. Ninguém entende. Você não entende. É isto gosmento, nojento, que gruda em mim. Esta solidão podre, azeda, hedionda que não deixa passar o perfume das flores, a cor do arco-íris, o som das risadas, a vontade... Não, você ainda não entende. Ninguém entende. É esta angústia das horas vazias, dos dias longos, das semanas sem graça, dos meses iguais... Igual, tudo igual, nada muda, nada floresce, nada nasce, nada nada nada... E você ainda não entende, ninguém entende. É esta sensação de não sentir, sensação de não existir, sensação de não residir, sensação de não, simplesmente não. Mas não, você não entende, ninguém entende. A vida segue o seu rumo, o sol ainda aparece todas as manhãs, alguns pássaros ainda cantam, o vento ainda venta, as ondas no mar ainda se levantam e arrebentam na beira da praia onde um dia, um dia, você prometeu promessas irrealizáveis, contou histórias errôneas sobre você, sobre mim. Você não entende, ninguém entende. É algo mais profundo do que se enxerga, bem no fundo fundo fundo d´alma. A alma é o que ninguém vê, aquilo que ninguém entende.



p.s: and despite everything i´m still human 

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